domingo, 3 de setembro de 2017

A depressão

Como ter depressão e ainda assim ser psicóloga, ou, como ser psicóloga e ter depressão?
Atualmente me vejo assim.
Hoje melhor que ontem, e às vezes um pouco pior.
Tentando viver um dia de cada vez e não permitindo que isso atrapalhe aos atendimentos.
Atualmente tenho TPM, um transtorno que me acompanha desde sempre. E nos períodos ciclicos seus sintomas são mais intensos.
Tenho vontade de morrer, de ficar dormindo o tempo todo. De não falar com ninguém, de chorar...
Há dias piores e a dias melhores.
Hoje por exemplo queria ter saído mas não sai, e ainda menti dizendo que estava presa em outro compromisso, sendo que eu havia até me arrumado para ir.
Diante de uma outra pessoa isso não aparece, estou ali para o outro e o que tenho ou sinto levo para minha terapia.
Não é fácil admitir que se é depressiva ou que tem transtornos de humor.
Durante minha própria análise descobri que sofria de depressão desde os 7 anos e que apreendi a conviver e viver com ela, porém com a TPM ela ganha uma força que me anula por completo...
Estando nela perco a vontade de fazer qualquer coisa, tudo se torna cinza...
Nestes casos prefiro ficar isolada e deixar a tormenta passar.

terça-feira, 10 de janeiro de 2017



Durante a jornada da vida eu, como muitas pessoas, passei por um processo de perda e dor na qual não conseguia uma superação total sozinha.

Não tive resiliência, não tiver força de vontade, não tive coragem para mudar, não tinha expectativas, não havia força de vontade.

Muitas vezes, ou às vezes, todas as vezes tropeçava nas pedras no caminho eu sentia que ia afundando mais e mais, não havia esperança e acreditava que era meu fim.

Ai vinha o julgamento, a culpa e o auto-desprezo.

Nessa hora, nada e ninguém me servia, eu não servia para nada.

Nada e ninguém poderia me ajudar... uma auto-piedade tomava conta de mim, a raiva e o nojo que começava a sentir de mim me afastavam cada vez mais do que um dia eu poderia ter sido.

Lamentação... era o que eu gostava de fazer. Chorar pelos meus problemas, pelos meus fracassos e por minhas feridas expostas.

Era uma derrotada, um zero a esquerda, uma pobre coitada.

"Aí que dó de mim, quem me amará assim??"

Ninguém! Nem eu me amava.

Enfim, percebi que sozinha era uma quadrilha; os estragos emocionais que provocava em mim e aos que estavam ao meu redor foram irreparáveis, resolvi procurar ajuda, mas não pense que foi algo fácil, simples, assim como escrever este texto.

Foi difícil e dolorido admitir que precisar de ajuda.

Isso se dá muitas vezes por que não sabemos que somos de verdade, estamos tão afundados em nossos problemas que eles passam a nos representar e perdemos nossa personalidade, nos perdemos.

E só estando no fundo do poço é que podemos submergir para luz, pois só lá no fundo que sentimos a falta dela. No escuro e gélido fundo de poço a luz é algo muito raro, somente em um dado momento, um rápido momento um fragmento de luz passa pelo fundo do posso onde eu ou você se encontrava.

E neste exato momento que a porta da percepção, antes fechada para dor, se abre, mas não pense que ela se escancarou para a luz, foi só uma fresta, uma frestinha, uma misera fresta, que fez muita diferença.

"Quem realmente sou eu?

Eu só vou saber lidar comigo se eu souber quem sou eu, caso contrário eu não vou ter sucesso nessa nova empreitada, se eu continuar fugindo de mim, eu vou ser tão solitário que até a minha sombra vai ficar escondida de mim, até a sombra vai se mandar de mim.

Se eu começo escolher o tipo de ajuda que eu tenho para receber eu vou ficar sozinho novamente, vou partir para o isolamento, vou partir para a onipotência, vou viver o papel de juiz e deixar de lado esses papéis que eu vivi até hoje - seja dependente ou seja familiar - papel de repressor, papel de delegado/juiz, papel de enfermeiro, papel de babá.....

Eu preciso começar a viver o meu próprio papel!

Que papel eu estou vivendo na minha família?

Se hoje eu tivesse que montar a minha família como ela seria?

De que forma que eu posso hoje estar percebendo o meu papel dentro da família?"

@adroga.casadia.org/12-passos

domingo, 1 de janeiro de 2017



Como se amar mais se nem ao menos me conheço, se nem ao menos quero me conhecer?
Sempre desejei ser conhecida por alguém, ser completa.
Um vazio enorme havia em mim e nunca me senti satisfeita, passei anos da minha existência tentando preencher esse vazio, pessoas, coisas, pessoas... 
Nada era o suficientemente bom para isso.
Acredito que devido a nunca ter encontrado minha imagem refletida em minha mãe e pai eu buscava esse reflexo em outras coisas, pessoas, coisas...
Fatalmente eu ia ser sucumbida por uma obsessão, e fui... 
Fiquei obsecada em ser encontrada, achada e até mesmo ser acolhida, acreditava que só ia ser feliz se fosse amada por alguém.
E não fui, pois não era amada por mim.
Durante meu caminho até a Psicologia e depois dela fui percebendo o quanto minhas máscaras eram fortes, ao ponto de eu não mais me reconhecer.
E hoje como psicóloga percebi a dificuldade que tenho de abandonar tais artifícios.
Passar por terapia, mesmo eu sendo terapeuta, é algo que considero muito fortalecedor.
Porém acredito que ainda não sei quem sou....